Li e achei brilhante esta história. Parece comigo tipo, ver alguém com os sentimento transbordando pelos olhos e você ter a certeza de que esta pessoa precisa de um outro alguém, que no momento pode ser você ... Um simples ' vai ficar bem' resolve os problemas de muita gente.

Este, não era qualquer um, era daqueles cuja missão, ao entrar em nossas vidas vem escrito nos olhos: refletir nossos atos. A gente lê, finge não ter a meta do outro estar preste a ser atingida.
Foi em um momento assim que ela, desacostumada de sofrer pelo sentir, com coração ardendo, ameaçado a explodir, disse-me entre soluços "não quero mais amar não. Amar dói". Não pude suportar a confissão, eu ri. Não, não sou sádica! Meu sorriso foi cumplicidade. Foi dó também ela estar percebendo somente naquela hora esta verdade absoluta que, às vezes, capaz até de já nascer com a gente. A mocinha sempre havia sido muito livre, descrente de compromissos, de paixões avassaladoras, dona sempre da situação. A vida lhe surpreendeu.
Penalizou-me seu sofrimento. Não pude, porém, foi me furtar ao compromisso da verdade. Desculpei-me, mas ainda rindo, disse como se falasse a uma criança se acalme, o desespero vai já embora, vai passar, vai passar, passa já, mas não desista de amar não. Se não sabia deste viés do amor até agora é devido a esta sua juventude, a esta liberdade que se nega a compromissos, a esta novidade do mundo de sair ficando por aí, com tanta urgência, sem se apegar a ninguém, mas amar dói mesmo.
Dói tanto quanto o faz a vida e ainda assim agimos como encantados diante das muitas possibilidades a nós por ela oferecida.

Tenho segredo para lhe contar, disse com carinho ou pensei, disso não lembro - sei, entretanto, não ter mais em mim nenhum sorriso - não é só amar que dói não. Na vida, não há como se fugir da dor. Sonhos, buscas e até encontros, possuem também seu quinhão de sofrimento. E a nós cabe diante desses tormentos não recuar, continuar, porque isto tudo é viver.
Em troca, valiosos ganhos. Ao ponto de tantas vezes que nos depararmos com a mesma possibilidade, a ela nos entregarmos como se estivéssimos há quatro dias ou meses sem gole de água no deserto. Sedentos de amor, de sonhos, de dor, de vida e daqueles uns que chegam prometendo a perdição e a gente aceita. Hoje dor; amanhã, sorriso.
Por Erilene Firmino.
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