Amar Dói ?

Num dia qualquer, folheando as páginas de uma revista - procurando o que no momento eu não sabia - vi uma história cujo tema era " Amar dói ? ". Achei interessante porque era uma pergunta e muito de nós sabemos que dói sim, amar.
Li e achei brilhante esta história. Parece comigo tipo, ver alguém com os sentimento transbordando pelos olhos e você ter a certeza de que esta pessoa precisa de um outro alguém, que no momento pode ser você ... Um simples ' vai ficar bem' resolve os problemas de muita gente.



   Faz tempo. Não esqueço até agora, por ter sido bonito, ter me feito sorrir. Aliás, me faz sorrir até hoje. Era uma hora qualquer dos meus muitos dias quando me deparei com o sofrimento explícito de uma jovem. Ela, após ter 'ficado' com muitos por incontáveis anos, sem ninguém lhe atingir o coração, sentiu o peito arder em chamas de amor por um só.

   Este, não era qualquer um, era daqueles cuja missão, ao entrar em nossas vidas vem escrito nos olhos: refletir nossos atos. A gente lê, finge não ter a meta do outro estar preste a ser atingida.

   Foi em um momento assim que ela, desacostumada de sofrer pelo sentir, com coração ardendo, ameaçado a explodir, disse-me entre soluços "não quero mais amar não. Amar dói". Não pude suportar a confissão, eu ri. Não, não sou sádica! Meu sorriso foi cumplicidade. Foi dó também ela estar percebendo somente naquela hora esta verdade absoluta que, às vezes, capaz até de já nascer com a gente. A mocinha sempre havia sido muito livre, descrente de compromissos, de paixões avassaladoras, dona sempre da situação. A vida lhe surpreendeu.

   Penalizou-me seu sofrimento. Não pude, porém, foi me furtar ao compromisso da verdade. Desculpei-me, mas ainda rindo, disse como se falasse a uma criança se acalme, o desespero vai já embora, vai passar, vai passar, passa já, mas não desista de amar não. Se não sabia deste viés do amor até agora é devido a esta sua juventude, a esta liberdade que se nega a compromissos, a esta novidade do mundo de sair ficando por aí, com tanta urgência, sem se apegar a ninguém, mas amar dói mesmo.
Dói tanto quanto o faz a vida e ainda assim agimos como encantados diante das muitas possibilidades a nós por ela oferecida.

   Tenho segredo para lhe contar, disse com carinho ou pensei, disso não lembro - sei, entretanto, não ter mais em mim nenhum sorriso - não é só amar que dói não. Na vida, não há como se fugir da dor. Sonhos, buscas e até encontros, possuem também seu quinhão de sofrimento. E a nós cabe diante desses tormentos não recuar, continuar, porque isto tudo é viver.

   Em troca, valiosos ganhos. Ao ponto de tantas vezes que nos depararmos com a mesma possibilidade, a ela nos entregarmos como se estivéssimos há quatro dias ou meses sem gole de água no deserto. Sedentos de amor, de sonhos, de dor, de vida e daqueles uns que chegam prometendo a perdição e a gente aceita. Hoje dor; amanhã, sorriso.





Por Erilene Firmino.
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